
Os corvos de Avalon
Diana L. Paxson
480 páginas
Rocco
Ano de publicação: 2009
Sobre o que é: o livro conta a conquista romana da Bretanha e a rebelião conduzida pela rainha Boudicca, a guerreira celta, e por Lhiannon, a sua jovem mentora na ilha dos druidas. Quando o exército do Império conquistou o reino Iceno, no século I D.C., Lhiannon enfrentou-o enquanto Boudicca acabou por se casar com Prasutagos, o Rei Supremo dos Icenos, que governou como rei cliente de Roma. Após um acontecimento terrível, Boudicca assume a liderança das tribos dos britões e parte contra Roma em busca de vingança.
Por que ele é bom? Para entender por que esse livro é bom é primeiro preciso compreender que o que a Diana L. Paxson fez foi escrever um romance histórico. A rainha celta que esteve à frente de uma das maiores rebeliões contra o Império Romano realmente existiu e, apesar de daquela época não haver restado muitos registros históricos, há evidências suficientes para que Diana conseguisse montar um livro contando a história dessa rainha destemida.
Mas como Diana era amiga próxima de Marion Zimmer Bradley, a autora de As Brumas de Avalon, ela entrelaçou a história de Boudicca com a mitologia de Avalon e dos druidas, colocando a deusa celta Morrigan no pano de fundo da história e como motivadora da ira de Boudicca. Marion e Diana haviam discutido diversas coisas do livro e já estavam esquematizando a escrita do mesmo, mas então Marion morreu e ficou com Diana o trabalho de completar a obra.
Antes de falar da mitologia do livro, vou explicar direitinho quem foi Boudicca e por que ela mereceu um livro só dela. Quando tinha por volta de trinta anos seu marido, o rei dos icenos, morreu e ela se tornou rainha. Porém, os romanos não a aceitaram e, durante um ataque, além de saquearem a tribo dela e a açoitarem em público, estupraram suas filhas em sua frente. Como ela não era mulher de deixar com que os romanos fizessem o que quisessem com ela, suas filhas e seu povo e passassem impunes, liderou uma rebelião, juntou tribos e causou um grande estrago em algumas cidades romanas, combatendo as tropas de Nero. Infelizmente, ela não conseguiu derrotar o Império Romano sozinha, porém o que fez desestabilizou muito as tropas e fez com que o governo respeitasse mais os povos da Bretanha.
Um historiador da época chegou a dizer que:
Dito isso, posso falar agora sobre o livro em si.
Eu adoro ler sobre mulheres, especialmente sobre aquelas que viveram durante a antiguidade, quando era muito mais difícil ser mulher do que atualmente - não que hoje a coisa esteja muito boa, mas antes era ainda pior. Descobri Os corvos de Avalon faz alguns anos, logo após que terminei a leitura de As Brumas de Avalon e fui pesquisar por outras obras da Marion porque o que ela fez com a lenda do rei Arthur foi simplesmente genial e eu precisava ler tudo o que essa mulher escreveu. Como eu já disse, Os corvos não é um livro da Marion - apesar da ideia original ter sido dela -, mas sim de sua amiga, e também escritora, Diana. Mas, de qualquer forma, ele é um dos livros do Ciclo de Avalon, que conta com cerca de dez livros traçando a trajetória do povo de Avalon (e das almas, pois o ciclo todo é baseado na vibe mesma alma, vários corpos) desde Atlântida até As Brumas. Antes de fazer essa pesquisa eu não conhecia a história de Boudicca e, na realidade, mal fazia ideia de que mulheres participaram de diversas batalhas durante a história e não ficaram servindo apenas de enfermeiras ou esperando passivamente pela volta de seus homens, como mostram os filmes que a gente vê por aí.
Demorei pra ler esse livro porque quero ler todo o Ciclo de Avalon na ordem cronológica dos acontecimentos, então ele ficou guardadinho na minha estante - até o início do mês, quando decidi que era hora de conhecer a história de Boudicca um pouco melhor. O que encontrei foi um livro maravilhoso, cheio de personagens históricas e ficcionais convivendo e lutando por suas sobrevivências. As personagens principais são Boudicca, como já foi dito, e Lhiannon, uma sacerdotisa da ilha de Mona. Durante aqueles dias terríveis de invasão do Império Romano, as duas lutam em diversas batalhas - uma pelos icenos e a outra pelos druidas e para salvar as tradições celtas. Elas se tornaram amigas quando Boudicca, ainda adolescente, foi enviada à ilha de Mona para ter uma educação junto das sacerdotisas e dos druidas - como toda princesa ou menina de família nobre ia naqueles tempos (as mais pobres também iam, porém apenas as que manifestassem o Dom ou a vontade de aprender os mistérios druídicos).
"No tempo que passou com os druidas aprendera entre outras coisas que havia mais de uma maneira de ser mulher e mais de uma maneira de ser uma mulher de poder."
Como eu amo um romance histórico, muitas vezes foi difícil de largar o livro porque ele é rico em pesquisa histórica. Dá pra perceber que a Diana realmente se esforçou para ir atrás de vários detalhes da época, como vestimentas, saudações, comportamentos e crenças. Aliás, no quesito crenças o livro é bem fiel aos rituais que se realizavam na época - pelo menos é fiel ao que se pode saber hoje em dia que fazia parte dos rituais. Os deuses celtas também têm papéis fundamentais na história, sendo a deusa Morrigan a que mais aparece.
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Morrigan, por Kyleah Klenke |
No livro, ela também é chamada de Catubodua (corvo-de-batalha), que é uma deusa gaulesa. Ela parece ser idêntica à deusa irlandesa Badb, que era uma deusa da guerra que assumia a forma de um corvo, e era assim por vezes denominada Badb Catha (corvo-de-batalha). Frequentemente causava confusão entre os soldados ao fazer a batalha pender para seu lado favorito.
Morrigan trabalha ao lado de Boudicca para trazer destruição à Roma. Gostei bastante da forma com que a Diana conseguiu entrelaçar a mitologia celta com a história da Boudicca, fazendo com que a rainha incorporasse a deusa quando adentrava num campo de batalha. Achei bem coerente com as crenças da época, além de ser ótimo porque MITOLOGIA CELTA ♥
Também amei demais a personagem Lhiannon, que parece ser a única pessoa realmente sensata durante toda a história - e que só se ferra por isso. O bom é que provavelmente a história dela continuará em A casa da floresta, próximo livro do Ciclo de Avalon.
Por que ele é ruim? Então. Ele não é ruim. Mesmo. Só que a escrita da Diana não é nem de longe tão fluída quanto a da Marion era. Já tinha percebido isso durante a leitura de Os Ancestrais de Avalon, e só fiz confirmar lendo Os corvos. Ela é muito descritiva em tudo e isso pode tanto ser bom quanto ruim, mas certamente tornou a leitura um pouco cansativa em alguns pontos - e se eu não gostasse tanto do tema, provavelmente a teria deixado de lado.
Você vai gostar se... adora histórias com mulheres fortes e corajosas indo atrás do que querem, leu As Brumas de Avalon e quer saber mais sobre a mitologia celta ou é apaixonado por história e precisa ler mais sobre a rainha Boudicca.
Em um quote:
"Mas houve uma época em que uma mulher desafiou o poder de Roma e, durante um terrível e luminoso verão, a vitória foi dela."
Outros livros do Ciclo de Avalon já resenhados no blog:
Hey, Mia!
ResponderExcluirAdorei encontrar uma resenha sobre esse livro! Gostei muito!
Eu estou planejando começar a leitura do Ciclo de Avalon com uma amiga e em breve vou ler esses livros também. Sua resenha foi a primeira que li e fiquei bem empolgada. Tomara que eu goste!
Beijos!
Olá,
ResponderExcluirNossa eu realmente não conhecia o livro. Entendo bem pouco de histórias relacionadas a Avalon, bem pouco mesmo. Não me interessou muito porque não curto romances históricos.
Debyh
Eu Insisto
Olá
ResponderExcluirnão conhecia o livro mas foge bastante do que estou acostumada, não sou fã de fantasia mas pela sua resenha vi que é um enredo bem trabalhado e desenvolvido então é uma dica ótima para alguns amigos
beijos
http://www.prismaliterario.com.br/
Oii
ResponderExcluirNunca li nada que envolvesse a mitologia celta, mas tenho muita vontade! Gostei muito da premissa desse livro. Escrita meio truncada não é problema pra mim! Dica anotada!
Bjus